Pressão nas arquibancadas ameaça o esporte de base e liga alerta também no esporte escolar

Uma decisão da Federação Paulista expõe um problema nacional: quando pais e responsáveis gritam mais alto que a diversão, quem perde são as crianças.

A recente medida da Federação Paulista de Futebol (FPF), que proibiu a presença de pais e responsáveis em jogos das categorias Sub-11 e Sub-12, acendeu um alerta em todo o país. A decisão foi motivada pelo aumento de brigas, ofensas e cobranças nas arquibancadas, só até agosto deste ano, foram 46 episódios de violência, 35% a mais que em todo o ano passado.

O que deveria ser um ambiente de incentivo e aprendizado tem se transformado, em muitos casos, em um palco de hostilidade. Para a Federação Alagoana de Esportes Colegiais (FAEC), o problema não é exclusivo do futebol paulista e merece atenção também no esporte escolar.

“Pais e responsáveis são peças fundamentais no apoio aos jovens atletas, mas precisam entender que a arquibancada é lugar de incentivo, não de pressão. Quando o grito de cobrança fala mais alto que a diversão, a formação esportiva e emocional das crianças é prejudicada”, alerta o presidente da FAEC, Irã Cândido.

Psicólogos e técnicos reforçam que o comportamento da torcida influencia diretamente o desempenho e a saúde mental dos estudantes-atletas. Incentivar com respeito, reconhecer o esforço e aceitar resultados fazem parte do aprendizado que o esporte proporciona.

A FAEC lembra que torcer é importante, mas apoiar com equilíbrio é essencial para garantir que o esporte continue sendo uma ferramenta de formação, inclusão e cidadania. Como mostram os dados, a violência não começa nos estádios: ela nasce nas arquibancadas das categorias de base, quando adultos esquecem que o jogo é das crianças.